miércoles, marzo 05, 2008

Guerra Ficticia...

"As razões de Chávez para ir à guerra com a Colômbia são fictícias", diz ex-ministro da Defesa da Venezuela

Francisco Peregil
Em Madrid

O general aposentado Raúl Isaías Baduel, 52 anos, foi amigo íntimo desde a juventude do presidente venezuelano, Hugo Chávez. Foi um dos quatro membros fundadores do Movimento Bolivariano Revolucionário com o qual Chávez se juramentou diante de uma árvore já famosa na história da Venezuela para empreender a regeneração do país.

Baduel não participou do fracassado golpe de Estado que seu amigo liderou em 1992. Mas quando Chávez, depois de ganhar as primeiras eleições presidenciais em que se candidatou, em 1998, sofreu um golpe de Estado em 2002, o comandante da brigada de pára-quedistas do exército dirigiu a "Operação Resgate da Dignidade", através da qual Chávez foi tirado do calabouço e restituído ao poder.


Tropas equatorianas foram mandadas para a fronteira com a Colômbia após incursão do vizinho em combate às Farc

Baduel também foi ministro da Defesa da Venezuela de junho de 2006 a julho de 2007. No último verão se aposentou das forças armadas e desde então desempenhou um trabalho de oposição política àquele que um dia foi seu amigo. Baduel pediu o "não" no referendo que Chávez finalmente perderia em 2 de dezembro passado. Agora critica sem disfarce a decisão que o presidente tomou em seu programa televisivo de domingo "Alô Presidente", quando ordenou: "Senhor ministro da Defesa, mova-me dez batalhões para a fronteira da Colômbia imediatamente, batalhões de tanques".

Cada batalhão na Venezuela conta com 500 a 700 homens, segundo Baduel. "(O anúncio do deslocamento dos batalhões) vem de alguém que, supõe-se, sabe que os planos de mobilização devem ser manejados com reserva, e não diante de um microfone. Chávez quer ir à guerra como Mambrú: sozinho. Porque à guerra não vão só generais e almirantes. Vão comandos médios, oficiais e suboficiais que raciocinam e sabem que não houve uma agressão contra nosso país. As razões são fictícias. E a população venezuelana, da qual as forças armadas fazem parte, sabe disso."

Baduel afirma que com a decisão de deslocar militares para a fronteira com a Colômbia Chávez pretende apenas obter benefício político, já que sua popularidade foi prejudicada depois da derrota de 2 de dezembro. Segundo a empresa de pesquisas venezuelana Datanálisis, em janeiro a popularidade de Chávez caiu de 62% para 44%. A mesma empresa indica que a insegurança dos cidadãos, que nos últimos três anos foi o principal problema da população, deu lugar nas pesquisas ao desabastecimento de alimentos, que vem aumentando.

"Prova de que a popularidade de Chávez não é a que ele desejaria", salienta Baduel, "é que o Conselho Nacional Eleitoral ainda não deu os resultados finais de 2 de dezembro. E todos os venezuelanos sabem que havia se formado uma plataforma tecnológica apropriada para que os resultados fossem publicados no mesmo dia das eleições."

Raúl Baduel afirma que Chávez está fazendo o que "já tentou em outras ocasiões": "buscar o apoio popular recorrendo a um nacionalismo enviesado". E ataca as Farc e o apoio dado por Chávez. "Esses grupos fizeram ataques em que mataram civis de forma cruel. Não só colombianos, mas também venezuelanos, são relacionados com o narcotráfico e recrutam menores de maneira forçada." Mas nenhum analista na Venezuela, nem mesmo da mais encarniçada oposição a Chávez, justifica a invasão do Equador por parte da Colômbia. "Tem de haver uma ameaça clara, e esse não é o caso. Aqui não existe um adversário. Como ministro da Defesa, posso dar fé da responsabilidade com que o exército colombiano manipulava os assuntos de coordenação com a Venezuela. A população venezuelana sabe que não houve uma agressão a nosso país, que não há elementos suficientes para fazer esta guerra de microfones, apresentada na televisão como se fosse um 'reality show'."

Tradução: Luiz Roberto Mendes Gonçalves

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