sábado, noviembre 03, 2007
La Foto Atronomica del Dia
En Fadd siempre colocan fotos astronómicas que provienen de la NASA en colaboración con la Universidad Tecnológica de Michigan
viernes, noviembre 02, 2007
El reportaje de VEJA desde Brasil (en este enlace)
Venezuela O drama de viver sob o regime de El Supremo
À sombra de El Supremo
Com a reforma constitucional aprovada na semana passada,
Hugo Chávez consolida seu regime autoritário e personalista
na Venezuela. Em Caracas, VEJA ouviu a história de dez
venezuelanos que tiveram a vida transformada pela
ditadura do "socialismo do século XXI"
Diogo Schelp,
de Caracas
VEJA
Para quem não tem a memória pessoal de ter vivido sob uma ditadura, ouvir depoimentos de venezuelanos é uma experiência educativa – e sufocante. O regime que o presidente Hugo Chávez está construindo na Venezuela não apenas é autoritário como se propõe a criar uma nação à imagem e semelhança de seu governante. Nesse ponto, distante de ser a promessa de novidades "século XXI", como proclama, Chávez é fiel à tradição caudilhesca do continente.
O estilo centralizador, a intolerância em relação a opiniões divergentes e, sobretudo, o modo como tenta transformar as instituições públicas em um apêndice de sua vontade e idiossincrasias parecem saídos das páginas de Eu O Supremo, a obra magistral do paraguaio Augusto Roa Bastos. O personagem do título é José Gaspar Rodríguez de Francia, "ditador perpétuo" do Paraguai no século XIX e protótipo do perfeito déspota sul-americano.
Nas páginas seguintes estão as histórias de dez venezuelanos cuja vida foi transformada pelo chavismo. Elas comprovam que é impossível ficar imune a um regime como o de Chávez, um prepotente disposto a impor a sua visão de mundo a qualquer custo. Mesmo quem aufere os benefícios da adesão ao ditador torna-se prisioneiro de um esquema que exige submissão absoluta e provas freqüentes de fidelidade. Sobre os que discordam do governo, recai o peso do poder do aparato oficial, que corta o crédito dos empresários, proíbe os órgãos públicos de contratar oposicionistas e pressiona a iniciativa privada a fazer o mesmo, e chega ao extremo de, à moda soviética, punir os filhos pelas posições políticas dos pais.
A sufocante atmosfera política ganhou novas nuvens negras na semana passada, quando a Assembléia Nacional terminou de referendar um por um os artigos da proposta de reforma constitucional apresentada pelo presidente. Não foi uma empreitada difícil, pois todos os deputados são chavistas (a oposição boicotou a eleição parlamentar de 2005). Apenas uma meia dúzia se absteve por razões de consciência (veja entrevista).
A nova Constituição, que teve 20% de seus artigos alterados, dá sustentação legal às medidas autoritárias que Chávez vem colocando em prática desde que foi eleito pela primeira vez, em 1998. A centralização do poder nas mãos do presidente, a militarização do país e o desrespeito ao direito de propriedade não são novidades no governo do coronel. Agora, no entanto, foram institucionalizados na Carta Magna da Venezuela.
Com um bônus: o mandato presidencial passa de seis para sete anos e pode ser renovado por tempo indeterminado nas urnas. Ou seja, Chávez pode agora aspirar à Presidência vitalícia. A Constituição será submetida à aprovação popular daqui a um mês. O processo é assim, acelerado, porque na Venezuela a Justiça Eleitoral está sob controle de funcionários leais a Chávez. No último referendo, esses quadros fiéis ao regime quebraram o sigilo do voto e permitiram que as informações fossem usadas pelo governo para punir os cidadãos que se opuseram ao presidente.
Para os venezuelanos, a confirmação da nova Constituição significará viver à sombra de um regime autoritário por um período cujas dimensões exatas talvez só possam ser traçadas pelo preço do petróleo. A exportação desse produto, cuja renda é controlada pessoalmente por Chávez, fornece os recursos que permitem ao governo comprar o apoio popular por meio de projetos assistencialistas. Nesse aspecto, o presidente venezuelano tem uma sorte do tamanho das reservas de seu país, que ocupam a sexta posição entre as maiores do planeta. O valor do barril ultrapassou nas últimas semanas a barreira dos 88 dólares, e a perspectiva é que chegue aos 100 dólares em breve. Quando Chávez foi eleito pela primeira vez, o barril valia apenas 10 dólares. A ascensão dos preços petrolíferos definiu desde o princípio o governo do coronel.
Nos últimos oito anos, seu governo passou por três fases. Na primeira, um ano depois de eleito, quando o preço do petróleo andava baixo, ele tratou de aprovar uma nova Constituição, escrita por ele próprio, que lhe permitiu colonizar com aliados a Suprema Corte, removendo esse obstáculo à sua pretensão de governar acima das instituições e da lei. O início da escalada no preço do petróleo permitiu a segunda fase, caracterizada pela invenção da "revolução bolivariana".
Até hoje mal definida ideologicamente, essa expressão se traduziu na prática pela expansão do clientelismo político. Chávez criou as misiones, programas assistencialistas que estabeleceram uma dependência concreta entre a população pobre e a figura onipresente do pai da pátria. As misiones, que incluem desde cooperativas até a alfabetização de adultos, são vinculadas diretamente a Chávez e consistem basicamente em uma fórmula para distribuir pequenas quantias de dinheiro aos participantes. Para sustentar esses programas, o presidente apropria-se das reservas internacionais do país e de um fundo formado por parte do lucro da PDVSA, a estatal do petróleo. Essa despesa não necessita da aprovação da Assembléia Nacional.
A terceira fase do governo chavista começou dois anos atrás, com o anúncio de que seu objetivo era a construção do "socialismo do século XXI". O elemento ideológico mais evidente desse conceito é o desejo de Chávez de concentrar o poder em suas mãos pelo maior tempo possível. Um mito proclamado pelos chavistas é o de que o discurso "bolivarista" do presidente tem o apoio da maioria dos venezuelanos. Uma pesquisa de opinião pública feita pela Universidade Central da Venezuela (UCV), em Caracas, mostra uma realidade mais crua.
A identificação com Chávez de grande parcela dos venezuelanos, sobretudo os mais pobres, é pessoal e destacada de sua retórica ideológica. Os venezuelanos gostam de Chávez por três motivos. Primeiro, porque ele se parece com as pessoas do "povo", por ser mestiço. Segundo, porque acreditam que ele dá voz aos pobres. Terceiro, porque vêem nele os valores morais, familiares e religiosos que mais prezam. "Os mesmos cidadãos que se identificam com Chávez discordam dos ataques do presidente à propriedade privada, não gostam da militarização do país e sentem calafrios só de pensar em ver a Venezuela repetir a experiência cubana", diz o sociólogo Amalio Belmonte, um dos autores do estudo.
Essa dissociação entre a figura do presidente e suas políticas é própria de ditaduras personalistas, que têm no argentino Juan Domingo Perón, no mexicano Antonio López de Santa Anna e no paraguaio Francia alguns de seus expoentes históricos. Um regime personalista, diz o sociólogo venezuelano Trino Márquez, costuma caracterizar-se por quatro princípios. O primeiro é a idéia de que o governante é o único capaz de liderar a nação para um futuro melhor. A noção de que o ditador é insubstituível é perniciosa porque o leva a acreditar que pode fazer qualquer coisa.
No mês passado, Chávez mandou cancelar uma apresentação do cantor espanhol Alejandro Sanz em um teatro público de Caracas apenas porque o músico havia criticado seu governo. O segundo princípio do personalismo é que, independentemente de haver ou não respaldo popular para o regime, o governante necessita cimentar sua força política no controle das Forças Armadas ou de milícias de civis armados. Chávez tem os dois. Sua milícia bolivariana, em que ele espera um dia reunir 2 milhões de homens e mulheres, tem até escritórios dentro das universidades bolivarianas, instituições de ensino superior criadas por Chávez para formar a futura elite de seu "socialismo do século XXI".
Quanto às Forças Armadas, Chávez acaba de conquistar, com a reforma constitucional, o direito de decidir pessoalmente a promoção de todos os militares, dos sargentos aos generais. A Venezuela, sob Chávez, tornou-se o segundo país com o maior gasto militar da América do Sul, depois da Colômbia. Recentemente, Chávez comprou 24 caças supersônicos russos Sukhoi, cinqüenta helicópteros e 100.000 fuzis Kalashnikov, entre outros equipamentos. Quem Chávez pretende enfrentar com esse arsenal? Certamente não os Estados Unidos, apesar de sua retórica antiamericana. Tampouco servirá para invadir a Bolívia, como já prometeu fazer caso seu amigo Evo Morales seja apeado do poder. "Na verdade, a Venezuela não tem um verdadeiro inimigo externo do qual se defender", diz o especialista militar Fernando Sampaio, professor da Escola Superior de Geopolítica e Estratégia, em Porto Alegre. "Portanto, o mais provável é que Chávez esteja se armando para se proteger de seu próprio povo, no dia em que os venezuelanos se cansarem dele."
O terceiro princípio de um regime autoritário personalista é a destruição do estado de direito, já que todas as instituições públicas têm de se submeter à vontade do governante. Na Venezuela, além dos deputados, os juízes, as autoridades eleitorais e até os promotores públicos obedecem às ordens de Chávez. O coronel não apenas nomeou chavistas para os cargos mais altos dessas carreiras como tem o poder de demitir magistrados, já que 80% deles têm contratos temporários com o estado. O quarto elemento personalista, comum no chavismo, é o culto à imagem do líder.
Chávez desenvolve esse seu lado narcisista de três maneiras. A primeira consiste em expor seu rosto em tamanho gigante em painéis, murais e até nas laterais dos ônibus nas ruas das cidades venezuelanas. A segunda maneira é sufocando os cidadãos com sua presença intermitente em pronunciamentos no rádio e na TV – ele controla o conteúdo de nada menos que oito canais abertos. A terceira forma de culto à personalidade é apresentar-se como o herdeiro histórico de Simon Bolívar, cuja obra de construção de uma grande nação sul-americana Chávez pretende concluir. Não há entre os brasileiros nenhum herói que receba a idolatria dedicada a Bolívar na Venezuela. Chávez espertamente chamou seu governo de "revolução bolivariana", implicitamente colocando seus opositores na condição de traidores da pátria. É irônico que Chávez seja amigo de Fidel Castro e elogie seu regime marxista, visto que Karl Marx simplesmente desprezava Bolívar. Em carta a seu amigo Friedrich Engels, o ideólogo do comunismo escreveu: "Simon Bolívar é o canalha mais covarde, brutal e miserável".
Como na ditadura de Fidel Castro, Chávez adotou o preceito de que o país entrou em processo de revolução permanente. Está escrito em sua nova Constituição que os meios de participação política do povo (como o voto) devem servir ao propósito da construção do socialismo. A estratégia de Chávez consiste em manter o país em uma transição constante. Isso cria uma sensação ambígua de insegurança e esperança, o que ajuda o presidente a manter as instituições e as massas sob seu controle.
O perigo do narcisismo aliado ao autoritarismo é o de Chávez atribuir-se tarefas quase divinas, como a de formar um "novo homem" inspirado em si próprio. "Nesse ponto, Chávez se parece muito com o paraguaio Francia, que chegou a proibir o casamento das jovens brancas com descendentes de espanhóis porque queria criar uma nação mestiça", disse a VEJA o cientista político americano Paul Sondrol, especialista em ditaduras latino-americanas da Universidade do Colorado. A Revolução Russa tinha ambições similares, como escreveu Leon Trotsky em 1916: "Produzir uma versão melhorada do homem, essa é a tarefa futura do comunismo". A tentativa soviética de extirpar do novo homem tudo o que fosse humano e natural resultou, como era de esperar, no fim do comunismo e na sobrevivência do que é humano e natural.
Eficiente em usar os mecanismos democráticos para acabar com a liberdade, Chávez também tem se mostrado capaz de sucatear a economia do país. A afirmação pode parecer contraditória para uma nação cujo produto interno bruto cresce a taxas superiores a 10% ao ano. Mas se justifica quando se levam em conta os fatores que têm alimentado essa expansão. A economia venezuelana cresce graças ao aumento da receita petrolífera e do gasto público.
"Em uma economia com muita liquidez e consumo elevado como a nossa, é natural que alguns empresários estejam ganhando muito dinheiro", diz o ex-ministro do Desenvolvimento Urbano da Venezuela Luís Penzini Fleury. "O problema é que as ameaças de estatização, o controle de preços, as importações maciças e os subsídios concedidos a uma parcela da população afastam qualquer interesse dos empresários em fazer novos investimentos", completa Penzini. Resultado: os venezuelanos nunca compraram tanto (a venda de carros no acumulado deste ano já superou em 50% o total de 2006), mas a oferta não está dando conta da demanda porque as empresas não investem na ampliação da produção. Não é sem razão. Quem vai querer investir em um país onde há poucos meses o governo estatizou as principais empresas de telefonia e de energia e fechou um dos maiores canais de TV por razões políticas?
O investimento externo direto na Venezuela é negativo – ou seja, há mais empresários retirando o capital investido do que apostando suas fichas no país. As poucas empresas que ainda se arriscam são construtoras, bancos e shopping centers. As vendas nos shoppings venezuelanos aumentaram quase 30% no primeiro trimestre deste ano em relação ao mesmo período do ano passado. A demanda interna é tal que as importações vindas dos Estados Unidos – o grande demônio imperialista, segundo Chávez – aumentaram 40% entre 2005 e 2006.
O crescimento das importações não é suficiente para evitar a falta de itens básicos nas gôndolas dos supermercados venezuelanos, uma decorrência direta do congelamento de preços instituído pelo governo numa tentativa tosca de conter a inflação, que deve fechar o ano em 20%, a maior da região. O resultado, na semana passada, eram filas de até seis horas para comprar leite nos mercados estatais. O racionamento de alimentos é um dos primeiros sinais daquilo que os venezuelanos mais temem: a transformação da Venezuela em uma nova Cuba.
EL SUPREMO
Venezuela O drama de viver sob o regime de El Supremo
À sombra de El Supremo
Com a reforma constitucional aprovada na semana passada,
Hugo Chávez consolida seu regime autoritário e personalista
na Venezuela. Em Caracas, VEJA ouviu a história de dez
venezuelanos que tiveram a vida transformada pela
ditadura do "socialismo do século XXI"
Diogo Schelp,
de Caracas
VEJA
Para quem não tem a memória pessoal de ter vivido sob uma ditadura, ouvir depoimentos de venezuelanos é uma experiência educativa – e sufocante. O regime que o presidente Hugo Chávez está construindo na Venezuela não apenas é autoritário como se propõe a criar uma nação à imagem e semelhança de seu governante. Nesse ponto, distante de ser a promessa de novidades "século XXI", como proclama, Chávez é fiel à tradição caudilhesca do continente.
O estilo centralizador, a intolerância em relação a opiniões divergentes e, sobretudo, o modo como tenta transformar as instituições públicas em um apêndice de sua vontade e idiossincrasias parecem saídos das páginas de Eu O Supremo, a obra magistral do paraguaio Augusto Roa Bastos. O personagem do título é José Gaspar Rodríguez de Francia, "ditador perpétuo" do Paraguai no século XIX e protótipo do perfeito déspota sul-americano.
Nas páginas seguintes estão as histórias de dez venezuelanos cuja vida foi transformada pelo chavismo. Elas comprovam que é impossível ficar imune a um regime como o de Chávez, um prepotente disposto a impor a sua visão de mundo a qualquer custo. Mesmo quem aufere os benefícios da adesão ao ditador torna-se prisioneiro de um esquema que exige submissão absoluta e provas freqüentes de fidelidade. Sobre os que discordam do governo, recai o peso do poder do aparato oficial, que corta o crédito dos empresários, proíbe os órgãos públicos de contratar oposicionistas e pressiona a iniciativa privada a fazer o mesmo, e chega ao extremo de, à moda soviética, punir os filhos pelas posições políticas dos pais.
A sufocante atmosfera política ganhou novas nuvens negras na semana passada, quando a Assembléia Nacional terminou de referendar um por um os artigos da proposta de reforma constitucional apresentada pelo presidente. Não foi uma empreitada difícil, pois todos os deputados são chavistas (a oposição boicotou a eleição parlamentar de 2005). Apenas uma meia dúzia se absteve por razões de consciência (veja entrevista).
A nova Constituição, que teve 20% de seus artigos alterados, dá sustentação legal às medidas autoritárias que Chávez vem colocando em prática desde que foi eleito pela primeira vez, em 1998. A centralização do poder nas mãos do presidente, a militarização do país e o desrespeito ao direito de propriedade não são novidades no governo do coronel. Agora, no entanto, foram institucionalizados na Carta Magna da Venezuela.
Com um bônus: o mandato presidencial passa de seis para sete anos e pode ser renovado por tempo indeterminado nas urnas. Ou seja, Chávez pode agora aspirar à Presidência vitalícia. A Constituição será submetida à aprovação popular daqui a um mês. O processo é assim, acelerado, porque na Venezuela a Justiça Eleitoral está sob controle de funcionários leais a Chávez. No último referendo, esses quadros fiéis ao regime quebraram o sigilo do voto e permitiram que as informações fossem usadas pelo governo para punir os cidadãos que se opuseram ao presidente.
Para os venezuelanos, a confirmação da nova Constituição significará viver à sombra de um regime autoritário por um período cujas dimensões exatas talvez só possam ser traçadas pelo preço do petróleo. A exportação desse produto, cuja renda é controlada pessoalmente por Chávez, fornece os recursos que permitem ao governo comprar o apoio popular por meio de projetos assistencialistas. Nesse aspecto, o presidente venezuelano tem uma sorte do tamanho das reservas de seu país, que ocupam a sexta posição entre as maiores do planeta. O valor do barril ultrapassou nas últimas semanas a barreira dos 88 dólares, e a perspectiva é que chegue aos 100 dólares em breve. Quando Chávez foi eleito pela primeira vez, o barril valia apenas 10 dólares. A ascensão dos preços petrolíferos definiu desde o princípio o governo do coronel.
Nos últimos oito anos, seu governo passou por três fases. Na primeira, um ano depois de eleito, quando o preço do petróleo andava baixo, ele tratou de aprovar uma nova Constituição, escrita por ele próprio, que lhe permitiu colonizar com aliados a Suprema Corte, removendo esse obstáculo à sua pretensão de governar acima das instituições e da lei. O início da escalada no preço do petróleo permitiu a segunda fase, caracterizada pela invenção da "revolução bolivariana".
Até hoje mal definida ideologicamente, essa expressão se traduziu na prática pela expansão do clientelismo político. Chávez criou as misiones, programas assistencialistas que estabeleceram uma dependência concreta entre a população pobre e a figura onipresente do pai da pátria. As misiones, que incluem desde cooperativas até a alfabetização de adultos, são vinculadas diretamente a Chávez e consistem basicamente em uma fórmula para distribuir pequenas quantias de dinheiro aos participantes. Para sustentar esses programas, o presidente apropria-se das reservas internacionais do país e de um fundo formado por parte do lucro da PDVSA, a estatal do petróleo. Essa despesa não necessita da aprovação da Assembléia Nacional.
A terceira fase do governo chavista começou dois anos atrás, com o anúncio de que seu objetivo era a construção do "socialismo do século XXI". O elemento ideológico mais evidente desse conceito é o desejo de Chávez de concentrar o poder em suas mãos pelo maior tempo possível. Um mito proclamado pelos chavistas é o de que o discurso "bolivarista" do presidente tem o apoio da maioria dos venezuelanos. Uma pesquisa de opinião pública feita pela Universidade Central da Venezuela (UCV), em Caracas, mostra uma realidade mais crua.
A identificação com Chávez de grande parcela dos venezuelanos, sobretudo os mais pobres, é pessoal e destacada de sua retórica ideológica. Os venezuelanos gostam de Chávez por três motivos. Primeiro, porque ele se parece com as pessoas do "povo", por ser mestiço. Segundo, porque acreditam que ele dá voz aos pobres. Terceiro, porque vêem nele os valores morais, familiares e religiosos que mais prezam. "Os mesmos cidadãos que se identificam com Chávez discordam dos ataques do presidente à propriedade privada, não gostam da militarização do país e sentem calafrios só de pensar em ver a Venezuela repetir a experiência cubana", diz o sociólogo Amalio Belmonte, um dos autores do estudo.
Essa dissociação entre a figura do presidente e suas políticas é própria de ditaduras personalistas, que têm no argentino Juan Domingo Perón, no mexicano Antonio López de Santa Anna e no paraguaio Francia alguns de seus expoentes históricos. Um regime personalista, diz o sociólogo venezuelano Trino Márquez, costuma caracterizar-se por quatro princípios. O primeiro é a idéia de que o governante é o único capaz de liderar a nação para um futuro melhor. A noção de que o ditador é insubstituível é perniciosa porque o leva a acreditar que pode fazer qualquer coisa.
No mês passado, Chávez mandou cancelar uma apresentação do cantor espanhol Alejandro Sanz em um teatro público de Caracas apenas porque o músico havia criticado seu governo. O segundo princípio do personalismo é que, independentemente de haver ou não respaldo popular para o regime, o governante necessita cimentar sua força política no controle das Forças Armadas ou de milícias de civis armados. Chávez tem os dois. Sua milícia bolivariana, em que ele espera um dia reunir 2 milhões de homens e mulheres, tem até escritórios dentro das universidades bolivarianas, instituições de ensino superior criadas por Chávez para formar a futura elite de seu "socialismo do século XXI".
Quanto às Forças Armadas, Chávez acaba de conquistar, com a reforma constitucional, o direito de decidir pessoalmente a promoção de todos os militares, dos sargentos aos generais. A Venezuela, sob Chávez, tornou-se o segundo país com o maior gasto militar da América do Sul, depois da Colômbia. Recentemente, Chávez comprou 24 caças supersônicos russos Sukhoi, cinqüenta helicópteros e 100.000 fuzis Kalashnikov, entre outros equipamentos. Quem Chávez pretende enfrentar com esse arsenal? Certamente não os Estados Unidos, apesar de sua retórica antiamericana. Tampouco servirá para invadir a Bolívia, como já prometeu fazer caso seu amigo Evo Morales seja apeado do poder. "Na verdade, a Venezuela não tem um verdadeiro inimigo externo do qual se defender", diz o especialista militar Fernando Sampaio, professor da Escola Superior de Geopolítica e Estratégia, em Porto Alegre. "Portanto, o mais provável é que Chávez esteja se armando para se proteger de seu próprio povo, no dia em que os venezuelanos se cansarem dele."
O terceiro princípio de um regime autoritário personalista é a destruição do estado de direito, já que todas as instituições públicas têm de se submeter à vontade do governante. Na Venezuela, além dos deputados, os juízes, as autoridades eleitorais e até os promotores públicos obedecem às ordens de Chávez. O coronel não apenas nomeou chavistas para os cargos mais altos dessas carreiras como tem o poder de demitir magistrados, já que 80% deles têm contratos temporários com o estado. O quarto elemento personalista, comum no chavismo, é o culto à imagem do líder.
Chávez desenvolve esse seu lado narcisista de três maneiras. A primeira consiste em expor seu rosto em tamanho gigante em painéis, murais e até nas laterais dos ônibus nas ruas das cidades venezuelanas. A segunda maneira é sufocando os cidadãos com sua presença intermitente em pronunciamentos no rádio e na TV – ele controla o conteúdo de nada menos que oito canais abertos. A terceira forma de culto à personalidade é apresentar-se como o herdeiro histórico de Simon Bolívar, cuja obra de construção de uma grande nação sul-americana Chávez pretende concluir. Não há entre os brasileiros nenhum herói que receba a idolatria dedicada a Bolívar na Venezuela. Chávez espertamente chamou seu governo de "revolução bolivariana", implicitamente colocando seus opositores na condição de traidores da pátria. É irônico que Chávez seja amigo de Fidel Castro e elogie seu regime marxista, visto que Karl Marx simplesmente desprezava Bolívar. Em carta a seu amigo Friedrich Engels, o ideólogo do comunismo escreveu: "Simon Bolívar é o canalha mais covarde, brutal e miserável".
Como na ditadura de Fidel Castro, Chávez adotou o preceito de que o país entrou em processo de revolução permanente. Está escrito em sua nova Constituição que os meios de participação política do povo (como o voto) devem servir ao propósito da construção do socialismo. A estratégia de Chávez consiste em manter o país em uma transição constante. Isso cria uma sensação ambígua de insegurança e esperança, o que ajuda o presidente a manter as instituições e as massas sob seu controle.
O perigo do narcisismo aliado ao autoritarismo é o de Chávez atribuir-se tarefas quase divinas, como a de formar um "novo homem" inspirado em si próprio. "Nesse ponto, Chávez se parece muito com o paraguaio Francia, que chegou a proibir o casamento das jovens brancas com descendentes de espanhóis porque queria criar uma nação mestiça", disse a VEJA o cientista político americano Paul Sondrol, especialista em ditaduras latino-americanas da Universidade do Colorado. A Revolução Russa tinha ambições similares, como escreveu Leon Trotsky em 1916: "Produzir uma versão melhorada do homem, essa é a tarefa futura do comunismo". A tentativa soviética de extirpar do novo homem tudo o que fosse humano e natural resultou, como era de esperar, no fim do comunismo e na sobrevivência do que é humano e natural.
Eficiente em usar os mecanismos democráticos para acabar com a liberdade, Chávez também tem se mostrado capaz de sucatear a economia do país. A afirmação pode parecer contraditória para uma nação cujo produto interno bruto cresce a taxas superiores a 10% ao ano. Mas se justifica quando se levam em conta os fatores que têm alimentado essa expansão. A economia venezuelana cresce graças ao aumento da receita petrolífera e do gasto público.
"Em uma economia com muita liquidez e consumo elevado como a nossa, é natural que alguns empresários estejam ganhando muito dinheiro", diz o ex-ministro do Desenvolvimento Urbano da Venezuela Luís Penzini Fleury. "O problema é que as ameaças de estatização, o controle de preços, as importações maciças e os subsídios concedidos a uma parcela da população afastam qualquer interesse dos empresários em fazer novos investimentos", completa Penzini. Resultado: os venezuelanos nunca compraram tanto (a venda de carros no acumulado deste ano já superou em 50% o total de 2006), mas a oferta não está dando conta da demanda porque as empresas não investem na ampliação da produção. Não é sem razão. Quem vai querer investir em um país onde há poucos meses o governo estatizou as principais empresas de telefonia e de energia e fechou um dos maiores canais de TV por razões políticas?
O investimento externo direto na Venezuela é negativo – ou seja, há mais empresários retirando o capital investido do que apostando suas fichas no país. As poucas empresas que ainda se arriscam são construtoras, bancos e shopping centers. As vendas nos shoppings venezuelanos aumentaram quase 30% no primeiro trimestre deste ano em relação ao mesmo período do ano passado. A demanda interna é tal que as importações vindas dos Estados Unidos – o grande demônio imperialista, segundo Chávez – aumentaram 40% entre 2005 e 2006.
O crescimento das importações não é suficiente para evitar a falta de itens básicos nas gôndolas dos supermercados venezuelanos, uma decorrência direta do congelamento de preços instituído pelo governo numa tentativa tosca de conter a inflação, que deve fechar o ano em 20%, a maior da região. O resultado, na semana passada, eram filas de até seis horas para comprar leite nos mercados estatais. O racionamento de alimentos é um dos primeiros sinais daquilo que os venezuelanos mais temem: a transformação da Venezuela em uma nova Cuba.
À sombra de El Supremo
Com a reforma constitucional aprovada na semana passada,
Hugo Chávez consolida seu regime autoritário e personalista
na Venezuela. Em Caracas, VEJA ouviu a história de dez
venezuelanos que tiveram a vida transformada pela
ditadura do "socialismo do século XXI"
Diogo Schelp,
de Caracas
VEJA
Para quem não tem a memória pessoal de ter vivido sob uma ditadura, ouvir depoimentos de venezuelanos é uma experiência educativa – e sufocante. O regime que o presidente Hugo Chávez está construindo na Venezuela não apenas é autoritário como se propõe a criar uma nação à imagem e semelhança de seu governante. Nesse ponto, distante de ser a promessa de novidades "século XXI", como proclama, Chávez é fiel à tradição caudilhesca do continente.
O estilo centralizador, a intolerância em relação a opiniões divergentes e, sobretudo, o modo como tenta transformar as instituições públicas em um apêndice de sua vontade e idiossincrasias parecem saídos das páginas de Eu O Supremo, a obra magistral do paraguaio Augusto Roa Bastos. O personagem do título é José Gaspar Rodríguez de Francia, "ditador perpétuo" do Paraguai no século XIX e protótipo do perfeito déspota sul-americano.
Nas páginas seguintes estão as histórias de dez venezuelanos cuja vida foi transformada pelo chavismo. Elas comprovam que é impossível ficar imune a um regime como o de Chávez, um prepotente disposto a impor a sua visão de mundo a qualquer custo. Mesmo quem aufere os benefícios da adesão ao ditador torna-se prisioneiro de um esquema que exige submissão absoluta e provas freqüentes de fidelidade. Sobre os que discordam do governo, recai o peso do poder do aparato oficial, que corta o crédito dos empresários, proíbe os órgãos públicos de contratar oposicionistas e pressiona a iniciativa privada a fazer o mesmo, e chega ao extremo de, à moda soviética, punir os filhos pelas posições políticas dos pais.
A sufocante atmosfera política ganhou novas nuvens negras na semana passada, quando a Assembléia Nacional terminou de referendar um por um os artigos da proposta de reforma constitucional apresentada pelo presidente. Não foi uma empreitada difícil, pois todos os deputados são chavistas (a oposição boicotou a eleição parlamentar de 2005). Apenas uma meia dúzia se absteve por razões de consciência (veja entrevista).
A nova Constituição, que teve 20% de seus artigos alterados, dá sustentação legal às medidas autoritárias que Chávez vem colocando em prática desde que foi eleito pela primeira vez, em 1998. A centralização do poder nas mãos do presidente, a militarização do país e o desrespeito ao direito de propriedade não são novidades no governo do coronel. Agora, no entanto, foram institucionalizados na Carta Magna da Venezuela.
Com um bônus: o mandato presidencial passa de seis para sete anos e pode ser renovado por tempo indeterminado nas urnas. Ou seja, Chávez pode agora aspirar à Presidência vitalícia. A Constituição será submetida à aprovação popular daqui a um mês. O processo é assim, acelerado, porque na Venezuela a Justiça Eleitoral está sob controle de funcionários leais a Chávez. No último referendo, esses quadros fiéis ao regime quebraram o sigilo do voto e permitiram que as informações fossem usadas pelo governo para punir os cidadãos que se opuseram ao presidente.
Para os venezuelanos, a confirmação da nova Constituição significará viver à sombra de um regime autoritário por um período cujas dimensões exatas talvez só possam ser traçadas pelo preço do petróleo. A exportação desse produto, cuja renda é controlada pessoalmente por Chávez, fornece os recursos que permitem ao governo comprar o apoio popular por meio de projetos assistencialistas. Nesse aspecto, o presidente venezuelano tem uma sorte do tamanho das reservas de seu país, que ocupam a sexta posição entre as maiores do planeta. O valor do barril ultrapassou nas últimas semanas a barreira dos 88 dólares, e a perspectiva é que chegue aos 100 dólares em breve. Quando Chávez foi eleito pela primeira vez, o barril valia apenas 10 dólares. A ascensão dos preços petrolíferos definiu desde o princípio o governo do coronel.
Nos últimos oito anos, seu governo passou por três fases. Na primeira, um ano depois de eleito, quando o preço do petróleo andava baixo, ele tratou de aprovar uma nova Constituição, escrita por ele próprio, que lhe permitiu colonizar com aliados a Suprema Corte, removendo esse obstáculo à sua pretensão de governar acima das instituições e da lei. O início da escalada no preço do petróleo permitiu a segunda fase, caracterizada pela invenção da "revolução bolivariana".
Até hoje mal definida ideologicamente, essa expressão se traduziu na prática pela expansão do clientelismo político. Chávez criou as misiones, programas assistencialistas que estabeleceram uma dependência concreta entre a população pobre e a figura onipresente do pai da pátria. As misiones, que incluem desde cooperativas até a alfabetização de adultos, são vinculadas diretamente a Chávez e consistem basicamente em uma fórmula para distribuir pequenas quantias de dinheiro aos participantes. Para sustentar esses programas, o presidente apropria-se das reservas internacionais do país e de um fundo formado por parte do lucro da PDVSA, a estatal do petróleo. Essa despesa não necessita da aprovação da Assembléia Nacional.
A terceira fase do governo chavista começou dois anos atrás, com o anúncio de que seu objetivo era a construção do "socialismo do século XXI". O elemento ideológico mais evidente desse conceito é o desejo de Chávez de concentrar o poder em suas mãos pelo maior tempo possível. Um mito proclamado pelos chavistas é o de que o discurso "bolivarista" do presidente tem o apoio da maioria dos venezuelanos. Uma pesquisa de opinião pública feita pela Universidade Central da Venezuela (UCV), em Caracas, mostra uma realidade mais crua.
A identificação com Chávez de grande parcela dos venezuelanos, sobretudo os mais pobres, é pessoal e destacada de sua retórica ideológica. Os venezuelanos gostam de Chávez por três motivos. Primeiro, porque ele se parece com as pessoas do "povo", por ser mestiço. Segundo, porque acreditam que ele dá voz aos pobres. Terceiro, porque vêem nele os valores morais, familiares e religiosos que mais prezam. "Os mesmos cidadãos que se identificam com Chávez discordam dos ataques do presidente à propriedade privada, não gostam da militarização do país e sentem calafrios só de pensar em ver a Venezuela repetir a experiência cubana", diz o sociólogo Amalio Belmonte, um dos autores do estudo.
Essa dissociação entre a figura do presidente e suas políticas é própria de ditaduras personalistas, que têm no argentino Juan Domingo Perón, no mexicano Antonio López de Santa Anna e no paraguaio Francia alguns de seus expoentes históricos. Um regime personalista, diz o sociólogo venezuelano Trino Márquez, costuma caracterizar-se por quatro princípios. O primeiro é a idéia de que o governante é o único capaz de liderar a nação para um futuro melhor. A noção de que o ditador é insubstituível é perniciosa porque o leva a acreditar que pode fazer qualquer coisa.
No mês passado, Chávez mandou cancelar uma apresentação do cantor espanhol Alejandro Sanz em um teatro público de Caracas apenas porque o músico havia criticado seu governo. O segundo princípio do personalismo é que, independentemente de haver ou não respaldo popular para o regime, o governante necessita cimentar sua força política no controle das Forças Armadas ou de milícias de civis armados. Chávez tem os dois. Sua milícia bolivariana, em que ele espera um dia reunir 2 milhões de homens e mulheres, tem até escritórios dentro das universidades bolivarianas, instituições de ensino superior criadas por Chávez para formar a futura elite de seu "socialismo do século XXI".
Quanto às Forças Armadas, Chávez acaba de conquistar, com a reforma constitucional, o direito de decidir pessoalmente a promoção de todos os militares, dos sargentos aos generais. A Venezuela, sob Chávez, tornou-se o segundo país com o maior gasto militar da América do Sul, depois da Colômbia. Recentemente, Chávez comprou 24 caças supersônicos russos Sukhoi, cinqüenta helicópteros e 100.000 fuzis Kalashnikov, entre outros equipamentos. Quem Chávez pretende enfrentar com esse arsenal? Certamente não os Estados Unidos, apesar de sua retórica antiamericana. Tampouco servirá para invadir a Bolívia, como já prometeu fazer caso seu amigo Evo Morales seja apeado do poder. "Na verdade, a Venezuela não tem um verdadeiro inimigo externo do qual se defender", diz o especialista militar Fernando Sampaio, professor da Escola Superior de Geopolítica e Estratégia, em Porto Alegre. "Portanto, o mais provável é que Chávez esteja se armando para se proteger de seu próprio povo, no dia em que os venezuelanos se cansarem dele."
O terceiro princípio de um regime autoritário personalista é a destruição do estado de direito, já que todas as instituições públicas têm de se submeter à vontade do governante. Na Venezuela, além dos deputados, os juízes, as autoridades eleitorais e até os promotores públicos obedecem às ordens de Chávez. O coronel não apenas nomeou chavistas para os cargos mais altos dessas carreiras como tem o poder de demitir magistrados, já que 80% deles têm contratos temporários com o estado. O quarto elemento personalista, comum no chavismo, é o culto à imagem do líder.
Chávez desenvolve esse seu lado narcisista de três maneiras. A primeira consiste em expor seu rosto em tamanho gigante em painéis, murais e até nas laterais dos ônibus nas ruas das cidades venezuelanas. A segunda maneira é sufocando os cidadãos com sua presença intermitente em pronunciamentos no rádio e na TV – ele controla o conteúdo de nada menos que oito canais abertos. A terceira forma de culto à personalidade é apresentar-se como o herdeiro histórico de Simon Bolívar, cuja obra de construção de uma grande nação sul-americana Chávez pretende concluir. Não há entre os brasileiros nenhum herói que receba a idolatria dedicada a Bolívar na Venezuela. Chávez espertamente chamou seu governo de "revolução bolivariana", implicitamente colocando seus opositores na condição de traidores da pátria. É irônico que Chávez seja amigo de Fidel Castro e elogie seu regime marxista, visto que Karl Marx simplesmente desprezava Bolívar. Em carta a seu amigo Friedrich Engels, o ideólogo do comunismo escreveu: "Simon Bolívar é o canalha mais covarde, brutal e miserável".
Como na ditadura de Fidel Castro, Chávez adotou o preceito de que o país entrou em processo de revolução permanente. Está escrito em sua nova Constituição que os meios de participação política do povo (como o voto) devem servir ao propósito da construção do socialismo. A estratégia de Chávez consiste em manter o país em uma transição constante. Isso cria uma sensação ambígua de insegurança e esperança, o que ajuda o presidente a manter as instituições e as massas sob seu controle.
O perigo do narcisismo aliado ao autoritarismo é o de Chávez atribuir-se tarefas quase divinas, como a de formar um "novo homem" inspirado em si próprio. "Nesse ponto, Chávez se parece muito com o paraguaio Francia, que chegou a proibir o casamento das jovens brancas com descendentes de espanhóis porque queria criar uma nação mestiça", disse a VEJA o cientista político americano Paul Sondrol, especialista em ditaduras latino-americanas da Universidade do Colorado. A Revolução Russa tinha ambições similares, como escreveu Leon Trotsky em 1916: "Produzir uma versão melhorada do homem, essa é a tarefa futura do comunismo". A tentativa soviética de extirpar do novo homem tudo o que fosse humano e natural resultou, como era de esperar, no fim do comunismo e na sobrevivência do que é humano e natural.
Eficiente em usar os mecanismos democráticos para acabar com a liberdade, Chávez também tem se mostrado capaz de sucatear a economia do país. A afirmação pode parecer contraditória para uma nação cujo produto interno bruto cresce a taxas superiores a 10% ao ano. Mas se justifica quando se levam em conta os fatores que têm alimentado essa expansão. A economia venezuelana cresce graças ao aumento da receita petrolífera e do gasto público.
"Em uma economia com muita liquidez e consumo elevado como a nossa, é natural que alguns empresários estejam ganhando muito dinheiro", diz o ex-ministro do Desenvolvimento Urbano da Venezuela Luís Penzini Fleury. "O problema é que as ameaças de estatização, o controle de preços, as importações maciças e os subsídios concedidos a uma parcela da população afastam qualquer interesse dos empresários em fazer novos investimentos", completa Penzini. Resultado: os venezuelanos nunca compraram tanto (a venda de carros no acumulado deste ano já superou em 50% o total de 2006), mas a oferta não está dando conta da demanda porque as empresas não investem na ampliação da produção. Não é sem razão. Quem vai querer investir em um país onde há poucos meses o governo estatizou as principais empresas de telefonia e de energia e fechou um dos maiores canais de TV por razões políticas?
O investimento externo direto na Venezuela é negativo – ou seja, há mais empresários retirando o capital investido do que apostando suas fichas no país. As poucas empresas que ainda se arriscam são construtoras, bancos e shopping centers. As vendas nos shoppings venezuelanos aumentaram quase 30% no primeiro trimestre deste ano em relação ao mesmo período do ano passado. A demanda interna é tal que as importações vindas dos Estados Unidos – o grande demônio imperialista, segundo Chávez – aumentaram 40% entre 2005 e 2006.
O crescimento das importações não é suficiente para evitar a falta de itens básicos nas gôndolas dos supermercados venezuelanos, uma decorrência direta do congelamento de preços instituído pelo governo numa tentativa tosca de conter a inflação, que deve fechar o ano em 20%, a maior da região. O resultado, na semana passada, eram filas de até seis horas para comprar leite nos mercados estatais. O racionamento de alimentos é um dos primeiros sinais daquilo que os venezuelanos mais temem: a transformação da Venezuela em uma nova Cuba.
El Humor es la form mas seria de decir la verdad
Porqué he coocado este enlace humorístico en mi BLOG, pues porque cuando estamos navegando por la red y estamos viendo un BLOG nos gustaría encontrar algo curioso, interesante y que nos haga reir un poco... espero que les guste.
La verdadera China...
En este VIDEO se puede ver la realidad de la China todavía comunista y autocrática...Los contrastes, la policia reprimiendo a la población cuando reclaman sus derechos,etc...
jueves, noviembre 01, 2007
El Hombre que suponia una tercera guerra mundial
En el enlace de arriba aparece un video de YOUtube sobre el tema siguiente: la humanidad casi estuvo a punto para un tercera GUERRA MUNDIAL cuado estaba de persidente en USA Kenedy y el la Unión Soviética Krouchov y todo por los misiles que fueron colocado en la Habna - Cuba. Un disparate socialista !! A veces hay decisiones políticas que no miden la horribles consecuencias.
miércoles, octubre 31, 2007
Titulares de la prensa
Siempre es bueno estar al día y leer la síntesis de los principales titulares de la prensa nacional e internacional; por lo menos así estamos enterados de lo que está pasando en esta Aldea Global
Y cuando pensé en la Aldea Global me vino a la Memoria la Torre de Babel y por eso me parece interesante conocer este BLOG:
Y en idioma inglés este otro:
Reflexiones de un reportero del Dairio LA NACION
El domingo, ¿hubo una elección o una reelección?
Para LA NACION
Martes 30 de octubre de 2007
Sea cual fuere su naturaleza, todas las constituciones giran en torno de una fórmula central: cuándo y cómo se hará la transmisión del poder, entendiéndose habitualmente por "poder" el poder "ejecutivo" que ejerce, en los Estados Unidos y en las naciones latinoamericanas, un presidente.
Desde 1853 hasta 1994, la fórmula de la transmisión del poder en la Argentina estableció que el presidente duraría 6 años en sus funciones y que no podría ser reelegido en forma consecutiva sino después de una espera de otros seis años.
La razón que llevó a Juan Bautista Alberdi a redactar esta cláusula fue que, si se quiere que la carrera por la presidencia sea pareja, hay que impedir que participe de ella el presidente en ejercicio, es decir, el "caballo del comisario".
Salvo durante interrupciones militares o efímeras reformas constitucionales, la fórmula de Alberdi prevaleció durante 141 años hasta 1994, a raíz del Pacto de Olivos entre el presidente Carlos Menem y el ex presidente Raúl Alfonsín.
Se dictó en aquel momento una reforma constitucional en virtud de la cual los jefes del Poder Ejecutivo durarían cuatro años en el cargo, dos años menos que antes, pero obtendrían en compensación la posibilidad de una única reelección consecutiva por cuatro años más, a cuyo término deberían esperar otro período de cuatro años fuera de la Casa Rosada.
Fue así como el presidente Carlos Menem debió dejar el poder en 1999 por haber cumplido en forma consecutiva un plazo de seis años que correspondía a la Constitución de 1853 y otro de cuatro años que correspondía a la reforma de 1994, pero ya no pudo participar de la elección presidencial de 1999 aunque podría volver a intentarlo cuatro años más tarde, algo que hizo sin éxito en el 2003.
¿Reforma invisible?
El 10 de diciembre de este año termina el primer período presidencial de Néstor Kirchner. Cuando se convocó a la elección de anteayer, el Presidente tenía el derecho constitucional de intentar la única reelección consecutiva que permite la Constitución de 1994. Renunció a ese derecho en favor de su esposa, a quien ungió por sí y ante sí como la candidata destinada a sucederlo.
Esta decisión plantea un delicado problema constitucional. Si el presidente Néstor Kirchner y su sucesora hubieran declarado que el período 2007-2011 que se abrirá en diciembre sería considerado una segunda presidencia respecto del iniciado en 2003, en 2011 se abriría una nueva instancia de la cual tanto él como ella quedarían excluidos como lo fue Carlos Menem en 1999. Pero no lo declararon.
¿Quiere decir que en 2011 tanto él como ella serían otra vez reelegibles y de nuevo en 2015 y así sucesivamente, con lo cual quedaría implícitamente derogada la cláusula constitucional de 1994 que prohíbe las reelecciones consecutivas?
Y si así fuera, ¿no nos encontraríamos ante una reforma constitucional implícita, invisible, a resultas de la cual la prohibición constitucional de las reelecciones consecutivas ya no regiría para los cónyuges?
¿Fue éste acaso el espíritu contrario a las reelecciones indefinidas que tuvieron en mente los constituyentes de 1994?
¿Era la intención de ellos, acaso, que la Argentina dejara de ser una república para convertirse en una dinastía?
Polémica en puertas
Si la señora de Kirchner fuera una dirigente claramente independiente y diferente de su esposo, alguien podría afirmar con visos de razonabilidad que no continuará la línea de gestión del presidente saliente.
La evidencia apunta, empero, en sentido contrario. No ha habido un solo pasaje en sus escasos discursos de campaña que haya planteado la posibilidad de una renovación.
En todos los actos de campaña la señora de Kirchner fue acompañada y respaldada no sólo por el Presidente sino también por todo su gabinete nacional. El que se inaugurará de aquí a cuarenta días, ¿será entonces otro gobierno o el mismo?
Tres hipótesis caben aquí. Una es que la presidenta entrante será, en los hechos, la delegada del presidente saliente. ¿Cristina al gobierno y Néstor al poder?
La segunda es que desde 2003 no gobernaron en realidad una sino dos personas totalmente identificadas. Más que una presidencia de uno, una "diarquía" de dos, como lo hacían en la antigua Esparta dos reyes coincidentes.
"¿Diarquía?"
Si alguna de estas dos hipótesis resulta ser la correcta a partir de diciembre, lo que ha habido el domingo pasado sólo en las formas es una "elección", pero es, en los hechos, una "reelección" y si la intención de los miembros de la "diarquía" es continuar en 2011 y más allá, el país se asomará más temprano que tarde a una intensa polémica constitucional.
La única hipótesis que excluye este panorama sería que Cristina Kirchner, después de haber mostrado una plena identificación con su esposo, se revelara finalmente como "otra" presidenta, iniciando una real renovación de metas y de estilos.
Si esto ocurriere, de algún modo la tesis sobre la identidad de los períodos de 2003-2007 y de 2007-2011 quedaría desmentida.
En tal caso, el conflicto dejaría de ser institucional para convertirse en político. Esta tercera hipótesis, sin embargo, es improbable.
Para LA NACION
Martes 30 de octubre de 2007
Sea cual fuere su naturaleza, todas las constituciones giran en torno de una fórmula central: cuándo y cómo se hará la transmisión del poder, entendiéndose habitualmente por "poder" el poder "ejecutivo" que ejerce, en los Estados Unidos y en las naciones latinoamericanas, un presidente.
Desde 1853 hasta 1994, la fórmula de la transmisión del poder en la Argentina estableció que el presidente duraría 6 años en sus funciones y que no podría ser reelegido en forma consecutiva sino después de una espera de otros seis años.
La razón que llevó a Juan Bautista Alberdi a redactar esta cláusula fue que, si se quiere que la carrera por la presidencia sea pareja, hay que impedir que participe de ella el presidente en ejercicio, es decir, el "caballo del comisario".
Salvo durante interrupciones militares o efímeras reformas constitucionales, la fórmula de Alberdi prevaleció durante 141 años hasta 1994, a raíz del Pacto de Olivos entre el presidente Carlos Menem y el ex presidente Raúl Alfonsín.
Se dictó en aquel momento una reforma constitucional en virtud de la cual los jefes del Poder Ejecutivo durarían cuatro años en el cargo, dos años menos que antes, pero obtendrían en compensación la posibilidad de una única reelección consecutiva por cuatro años más, a cuyo término deberían esperar otro período de cuatro años fuera de la Casa Rosada.
Fue así como el presidente Carlos Menem debió dejar el poder en 1999 por haber cumplido en forma consecutiva un plazo de seis años que correspondía a la Constitución de 1853 y otro de cuatro años que correspondía a la reforma de 1994, pero ya no pudo participar de la elección presidencial de 1999 aunque podría volver a intentarlo cuatro años más tarde, algo que hizo sin éxito en el 2003.
¿Reforma invisible?
El 10 de diciembre de este año termina el primer período presidencial de Néstor Kirchner. Cuando se convocó a la elección de anteayer, el Presidente tenía el derecho constitucional de intentar la única reelección consecutiva que permite la Constitución de 1994. Renunció a ese derecho en favor de su esposa, a quien ungió por sí y ante sí como la candidata destinada a sucederlo.
Esta decisión plantea un delicado problema constitucional. Si el presidente Néstor Kirchner y su sucesora hubieran declarado que el período 2007-2011 que se abrirá en diciembre sería considerado una segunda presidencia respecto del iniciado en 2003, en 2011 se abriría una nueva instancia de la cual tanto él como ella quedarían excluidos como lo fue Carlos Menem en 1999. Pero no lo declararon.
¿Quiere decir que en 2011 tanto él como ella serían otra vez reelegibles y de nuevo en 2015 y así sucesivamente, con lo cual quedaría implícitamente derogada la cláusula constitucional de 1994 que prohíbe las reelecciones consecutivas?
Y si así fuera, ¿no nos encontraríamos ante una reforma constitucional implícita, invisible, a resultas de la cual la prohibición constitucional de las reelecciones consecutivas ya no regiría para los cónyuges?
¿Fue éste acaso el espíritu contrario a las reelecciones indefinidas que tuvieron en mente los constituyentes de 1994?
¿Era la intención de ellos, acaso, que la Argentina dejara de ser una república para convertirse en una dinastía?
Polémica en puertas
Si la señora de Kirchner fuera una dirigente claramente independiente y diferente de su esposo, alguien podría afirmar con visos de razonabilidad que no continuará la línea de gestión del presidente saliente.
La evidencia apunta, empero, en sentido contrario. No ha habido un solo pasaje en sus escasos discursos de campaña que haya planteado la posibilidad de una renovación.
En todos los actos de campaña la señora de Kirchner fue acompañada y respaldada no sólo por el Presidente sino también por todo su gabinete nacional. El que se inaugurará de aquí a cuarenta días, ¿será entonces otro gobierno o el mismo?
Tres hipótesis caben aquí. Una es que la presidenta entrante será, en los hechos, la delegada del presidente saliente. ¿Cristina al gobierno y Néstor al poder?
La segunda es que desde 2003 no gobernaron en realidad una sino dos personas totalmente identificadas. Más que una presidencia de uno, una "diarquía" de dos, como lo hacían en la antigua Esparta dos reyes coincidentes.
"¿Diarquía?"
Si alguna de estas dos hipótesis resulta ser la correcta a partir de diciembre, lo que ha habido el domingo pasado sólo en las formas es una "elección", pero es, en los hechos, una "reelección" y si la intención de los miembros de la "diarquía" es continuar en 2011 y más allá, el país se asomará más temprano que tarde a una intensa polémica constitucional.
La única hipótesis que excluye este panorama sería que Cristina Kirchner, después de haber mostrado una plena identificación con su esposo, se revelara finalmente como "otra" presidenta, iniciando una real renovación de metas y de estilos.
Si esto ocurriere, de algún modo la tesis sobre la identidad de los períodos de 2003-2007 y de 2007-2011 quedaría desmentida.
En tal caso, el conflicto dejaría de ser institucional para convertirse en político. Esta tercera hipótesis, sin embargo, es improbable.
Reflexiones de un reportero del Dairio LA NACION
El domingo, ¿hubo una elección o una reelección?
Para LA NACION
Martes 30 de octubre de 2007
Sea cual fuere su naturaleza, todas las constituciones giran en torno de una fórmula central: cuándo y cómo se hará la transmisión del poder, entendiéndose habitualmente por "poder" el poder "ejecutivo" que ejerce, en los Estados Unidos y en las naciones latinoamericanas, un presidente.
Desde 1853 hasta 1994, la fórmula de la transmisión del poder en la Argentina estableció que el presidente duraría 6 años en sus funciones y que no podría ser reelegido en forma consecutiva sino después de una espera de otros seis años.
La razón que llevó a Juan Bautista Alberdi a redactar esta cláusula fue que, si se quiere que la carrera por la presidencia sea pareja, hay que impedir que participe de ella el presidente en ejercicio, es decir, el "caballo del comisario".
Salvo durante interrupciones militares o efímeras reformas constitucionales, la fórmula de Alberdi prevaleció durante 141 años hasta 1994, a raíz del Pacto de Olivos entre el presidente Carlos Menem y el ex presidente Raúl Alfonsín.
Se dictó en aquel momento una reforma constitucional en virtud de la cual los jefes del Poder Ejecutivo durarían cuatro años en el cargo, dos años menos que antes, pero obtendrían en compensación la posibilidad de una única reelección consecutiva por cuatro años más, a cuyo término deberían esperar otro período de cuatro años fuera de la Casa Rosada.
Fue así como el presidente Carlos Menem debió dejar el poder en 1999 por haber cumplido en forma consecutiva un plazo de seis años que correspondía a la Constitución de 1853 y otro de cuatro años que correspondía a la reforma de 1994, pero ya no pudo participar de la elección presidencial de 1999 aunque podría volver a intentarlo cuatro años más tarde, algo que hizo sin éxito en el 2003.
¿Reforma invisible?
El 10 de diciembre de este año termina el primer período presidencial de Néstor Kirchner. Cuando se convocó a la elección de anteayer, el Presidente tenía el derecho constitucional de intentar la única reelección consecutiva que permite la Constitución de 1994. Renunció a ese derecho en favor de su esposa, a quien ungió por sí y ante sí como la candidata destinada a sucederlo.
Esta decisión plantea un delicado problema constitucional. Si el presidente Néstor Kirchner y su sucesora hubieran declarado que el período 2007-2011 que se abrirá en diciembre sería considerado una segunda presidencia respecto del iniciado en 2003, en 2011 se abriría una nueva instancia de la cual tanto él como ella quedarían excluidos como lo fue Carlos Menem en 1999. Pero no lo declararon.
¿Quiere decir que en 2011 tanto él como ella serían otra vez reelegibles y de nuevo en 2015 y así sucesivamente, con lo cual quedaría implícitamente derogada la cláusula constitucional de 1994 que prohíbe las reelecciones consecutivas?
Y si así fuera, ¿no nos encontraríamos ante una reforma constitucional implícita, invisible, a resultas de la cual la prohibición constitucional de las reelecciones consecutivas ya no regiría para los cónyuges?
¿Fue éste acaso el espíritu contrario a las reelecciones indefinidas que tuvieron en mente los constituyentes de 1994?
¿Era la intención de ellos, acaso, que la Argentina dejara de ser una república para convertirse en una dinastía?
Polémica en puertas
Si la señora de Kirchner fuera una dirigente claramente independiente y diferente de su esposo, alguien podría afirmar con visos de razonabilidad que no continuará la línea de gestión del presidente saliente.
La evidencia apunta, empero, en sentido contrario. No ha habido un solo pasaje en sus escasos discursos de campaña que haya planteado la posibilidad de una renovación.
En todos los actos de campaña la señora de Kirchner fue acompañada y respaldada no sólo por el Presidente sino también por todo su gabinete nacional. El que se inaugurará de aquí a cuarenta días, ¿será entonces otro gobierno o el mismo?
Tres hipótesis caben aquí. Una es que la presidenta entrante será, en los hechos, la delegada del presidente saliente. ¿Cristina al gobierno y Néstor al poder?
La segunda es que desde 2003 no gobernaron en realidad una sino dos personas totalmente identificadas. Más que una presidencia de uno, una "diarquía" de dos, como lo hacían en la antigua Esparta dos reyes coincidentes.
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Google Trends
¿Qué es Google Trends? Google Trends es una herramienta excelente para ver las tendencias de la gente en las búsquedas que se realizan en google.
Cuando puedas conocer Google Trends examina aquellos criterios de palabras clave que mejor salen indexadas y bien posicionadas.
Actualmente Google le da mucha importancia a tener links o enlaces que apunten a tu Web y, además, que los links tengan las palabras clave más importantes para salir indexado en los buscadores.
Por ejemplo yo voy ahora a colocar un LINK que en este mes (31 de octubre) estará de moda, o sea:
HALLOWEEN
Pero para el mes de noviembre o sea para el 22 de ese mes entonces el enlace será:
THANKSGIVING
¿Les parace a ustedes que estos enlace son interesantes ? Pues bien, cuáles son las festividades más comunes a través de un año, veamos esta lista:
HACER CLIC AQUI
Cuando puedas conocer Google Trends examina aquellos criterios de palabras clave que mejor salen indexadas y bien posicionadas.
Actualmente Google le da mucha importancia a tener links o enlaces que apunten a tu Web y, además, que los links tengan las palabras clave más importantes para salir indexado en los buscadores.
Por ejemplo yo voy ahora a colocar un LINK que en este mes (31 de octubre) estará de moda, o sea:
Pero para el mes de noviembre o sea para el 22 de ese mes entonces el enlace será:
¿Les parace a ustedes que estos enlace son interesantes ? Pues bien, cuáles son las festividades más comunes a través de un año, veamos esta lista:
lunes, octubre 29, 2007
Un nuevo mundo virtual dedicado a la musica
Daniel Huebner, uno de los fundadores del mundo virtual llamado Second Life ha creado ahora VSIDE, un nuevo mundo virtual donde se podrá tocar y componer música en colectivo, pinchar discos para los amigos y hasta construir instrumentos musicales. Un nuevo modo de compartir experiencias y comentarlas.
Mientras se usa el programa se van escuchando canciones de artistas famosos en los diversos escenarios y salas de juego. Incluso, el programa permite acceder directamente a iTunes para comprar la música que va sonando mientras se navega.
Se puede bajar gratis para Windows XP con 256 MB RAM y carta video de 32 MB; e igualmente, los que tiene MAC pueden bajarlo si poseen OS X 10.4 (Intel o Power PC) con 256 RAM. El software pesa 184 MB y se baja rápido si tienen BANDA ANCHA y en unos 30 minutos pueden bajan casi todos los 184 MB, dependiendo de su velocidad.
Mientras se usa el programa se van escuchando canciones de artistas famosos en los diversos escenarios y salas de juego. Incluso, el programa permite acceder directamente a iTunes para comprar la música que va sonando mientras se navega.
Se puede bajar gratis para Windows XP con 256 MB RAM y carta video de 32 MB; e igualmente, los que tiene MAC pueden bajarlo si poseen OS X 10.4 (Intel o Power PC) con 256 RAM. El software pesa 184 MB y se baja rápido si tienen BANDA ANCHA y en unos 30 minutos pueden bajan casi todos los 184 MB, dependiendo de su velocidad.
LA ULTIMA CENA de Leonardo Da Vinci
La autoridad italiana ha colocado en Internet la imagen de la pintura de 16 millardos de pixeles. Como está obra no se puede en forma masiva en el museo para proteger el fresco, pues solamente se permite que entren a ver la pintura 25 personas cada 15 minutos, pasando cada persona por un sistema de filtración para evitar la contaminación. Alaño la pintura la ven 320.000 visitantes y hora la podemos ver en este BLOG incluso acercando si es que quermos observar sus detalles. El sitio también tiene un video y una entrevista con alberto Aritoli, curador de la obra.
¿ Há uma revolução capitalista no Brasil ?
Há uma revolução capitalista no Brasil
Armínio Fraga: sócio da Gávea Investimentos
CENÁRIO: "É provável que a economia mundial desacelere um pouco. Mas a turbulência deve ser passageira"
CAIXA DOIS: "Havia medo de investir em empresas por causa de má gestão ou fraude, mas o País está evoluindo"
SALTO: "A estabilidade econômica e a mudança de cultura marcam a chegada definitiva do capitalismo no Brasil"
Fernando Dantas, RIO
Aos 50 anos, o investidor Armínio Fraga, ex-presidente do Banco Central (BC), acha que o Brasil está passando por uma "revolução capitalista". Há quatro anos e meio à frente da Gávea Investimentos, no Rio, que hoje conta com 100 pessoas e administra R$ 10 bilhões, ele vê a pujança do Novo Mercado e a abertura de capital da Bovespa como marcos desse novo momento. Para Armínio, o canal do mercado de capitais no Brasil está finalmente funcionando, dando aos negócios a possibilidade de buscar capital para as suas diversas etapas - desde o surgimento de boas idéias nas universidades até a abertura de capital na bolsa, passando pelos investimentos dos chamados fundos de "private equity", especializados em comprar participações em empresas.
Na Gávea, há dois fundos de private equity que se aproximam desse modelo, mas que ele prefere chamar de fundos de longo prazo. Eles têm um total de US$ 1,5 bilhões, basicamente de investidores institucionais estrangeiros, como universidades americanas. Ainda há pelo menos US$ 420 milhões a investir.
Esses fundos já compraram participações minoritárias em cerca de 15 empresas, como a T4F, de entretenimento; a Fazenda Ipanema, produtora de cafés sofisticados; a Multiterminais, maior operadora do porto do Rio; Aliansce, de shopping centers; a franquia do McDonald's na América Latina; e a BRA, empresa aérea que vem passando por um fase problemática (e onde a participação é bem pequena, segundo Armínio).
Na divisão de trabalho na Gávea, o ex-presidente do BC ainda dedica a maior parte do seu tempo aos fundos multi-mercados (ou "hedge funds"), que buscam altas rentabilidades em aplicações em ações, títulos, câmbio e derivativos. Ele também participa ativamente dos fundos de longo prazo, mas seu primo Luiz Fraga, sócio e co-fundador, é quem fica mais tempo dedicado a essa área. Amaury Bier, ex-membro da equipe econômica de FHC, que tocava a área de gestão de patrimônio da Gávea, acaba de assumir o posto de presidente da empresa. A seguir, a entrevista:
Por que vocês preferem comprar participações minoritárias nos seus fundos de longo prazo, e não o controle?
É uma estratégia diferente da de outros fundos, e que nos parece ser tão interessante quanto qualquer outra. É uma certa novidade aqui no Brasil, onde sempre houve muito medo de investir como minoritário, por causa do risco de má governança, de má gestão, em certos casos até de fraude e de desvio de dinheiro. Hoje, o País está avançando, está evoluindo, e está ficando mais claro que isso não é um jogo de soma zero. Então, nós temos feito investimentos que são minoritários mas que são protegidos em parte por acordos de acionistas e em parte também pelos incentivos que essa onda capitalista está criando aqui no Brasil.
Que "onda capitalista" é essa?
É a globalização chegando ao Brasil cada vez mais. Com a estabilidade, e a queda dos juros, o foco está saindo do curto prazo. E há essa mudança de cultura, que é exemplificada claramente pela criação do Novo Mercado na Bovespa que, aliás, acabou de abrir o seu próprio capital. São dois movimentos que, a meu ver, marcam a chegada definitiva do capitalismo no Brasil.
Por quê?
O Brasil era uma economia fechada, estatizada, muito concentrada, com grupos familiares dominando a maioria dos setores, ou concorrendo contra multinacionais. E havia pouco espaço para uma trajetória clássica onde um negócio surge, começa a crescer, a se desenvolver, e a partir de um determinado momento precisa de capital para crescer mais. Mas, no Brasil, nem sempre havia esse acesso ao capital. Agora começou a se ver uma certa cadeia alimentar financeira. Como há uma bolsa gerando oportunidades e fornecendo capital às empresas de um certo tamanho, ficam interessantes também os negócios chamados de private equity, ou fundos de capital privado, que investem em empresas ainda não preparadas para ir para a bolsa, mas que tem esse potencial.
E por que é tão interessante?
Porque quem investe em uma empresa, em uma participação privada, sabe que, se o negócio der certo, ela poderá ser listada na Bolsa, e com isso pode haver a realização (venda) a um preço. A existência dos fundos privados também estimula a criação de veículos de capital de risco, chamados de "venture capital". Isso pega, por exemplo, as empresas que saem de idéias desenvolvidas na academia, que precisam de um pouquinho de capital para dar certo. Numa segunda etapa, elas precisam de um pouco mais de capital, e vão aos fundos de capital privado. Numa terceira etapa, podem precisar de mais capital e vão para a bolsa. Essa pirâmide no Brasil estava entupida, e é por isso que não se tinha acesso a capital. Muitas empresas eram fadadas a não crescer. Agora, esse canal está aberto, e está funcionando magnificamente.
O que causou esta mudança?
É claro que depende de uma evolução ampla da nossa economia, depende de taxas de juros mais baixas, depende de mudança nos padrões de governança, tanto das empresas quanto dos investidores, depende de uma regulação melhor e mais moderna que vem se desenvolvendo no Brasil nos últimos anos, do fortalecimento da lei das S A, do fortalecimento da CVM, e assim por diante. Essas sementes foram todas plantadas e, de repente, quando o ar clareou e as coisas se acalmaram, isso deslanchou, num momento de grande crescimento da economia mundial, de grande integração financeira. E o Brasil entrou nessa revolução capitalista. Nesse ano, já foram realizadas operações de abertura de capital na Bolsa de aproximadamente R$ 45 bilhões. No ano passado, foram R$ 29 bilhões. É muito dinheiro. Então, a Bolsa não é mais vista como um cassino onde alguns mais espertos se aproveitam dos outros. Agora passou a ser um centro gerador e alocador de poupança, como deveria ser.
Quais as conseqüências disso para o País?
Vai gerar mais e melhores investimentos ao longo do tempo. O mercado, embora tenha os seus momentos de euforia, na média é bastante rigoroso e não aceita desaforo. Eu acho que vai ter um impacto qualitativo importante e que já está tendo um impacto quantitativo também, no volume de investimentos.
E o sr. acha que com isso a economia pode crescer mais?
Com certeza. É um indutor que ajuda. Mas não substitui educar melhor o nosso povo, não substitui continuar aprimorando o arcabouço regulatório, para ter mais investimento em infra-estrutura e assim por diante. O lado da oferta precisa de um pouco de atenção. Reforma tributária, reduzir o crescimento explosivo do gasto público, este tipo de decisão que alguém vai ter que tomar em algum momento. O Brasil poderia estar crescendo muito mais. Está crescendo hoje 4,5%, mais ou menos, num momento de grande crescimento global. O Brasil poderia crescer de 6% a 8% ao ano. Mas, para isto, é preciso que haja investimento para melhorar a qualidade da Educação, como, aliás, o atual ministro da Educação sinalizou. E é preciso investir mais em infra-estrutura, que não depende só do governo, que não tem muito dinheiro e em muitos casos sequer tem a competência para fazê-lo.
O Brasil está tocando esta agenda para fazer o crescimento sair de 4,5% para a faixa de 6% a 8%?
Não. Precisamos criar condições para que tenhamos taxas de juros mais baixas, e isso depende de um esforço importante na área fiscal, e no gasto público estamos caminhando na contramão. Os juros reais caíram bastante, mas taxas de 7% em termos reais ainda são taxas ainda muito altas. No México é 4,2%, no Chile é pouco mais de 3%.
Como o sr vê a volta da euforia aos mercados globais, depois do susto das turbulências nos mercados imobiliário e de crédito?
Minha visão de médio a longo prazo é positiva. O mundo está trabalhando mais, estudando mais, se integrando mais, sendo mais capitalista, e isso faz com que esse período que estamos vivendo, desde a queda do muro de Berlim, seja talvez um período com potencial equivalente ao do padrão ouro, de 1870 até a primeira guerra, que foi de extraordinária prosperidade. No prazo bem mais longo, eu vejo riscos ambientais, geopolíticos, de epidemias e coisas do gênero. A curtíssimo prazo, acho o mundo um pouquinho animado demais, ao mesmo tempo em que os sinais, principalmente dos mercados de crédito são preocupantes. Parece provável que a economia mundial desacelere um pouco. Existe algum risco de turbulência, mas é algo que a meu ver vai ser passageiro. Perigoso, sem dúvida, mas passageiro. As bolsas no mundo subiram bastante e não estão mais baratas. Em alguns casos, como a China, estão em bolha, e podem cair bastante.
O Fed (Federal Reserve, banco central americano) voltará a cortar os juros na sua próxima reunião?
Em geral, eu não me arrisco a fazer adivinhação de curtíssimo prazo. Mas espero que ainda haja alguma redução de juros nos Estados Unidos.
Como o sr. viu a interrupção da queda da Selic (que está em 11,25%) pelo Copom (Comitê de Política Monetária)?
Foi uma parada técnica. A demanda vinha crescendo num ritmo maior do que a oferta, em parte refletindo os problemas da oferta, como os gastos públicos. Mas o Banco Central reduziu os juros quase pela metade. Como os efeitos da política monetária não se fazem sentir da noite para o dia, é normal o BC de vez em quando dar uma pausa para ver o que está acontecendo.
E a valorização cada vez maior do real? Qual a sua opinião?
O câmbio tem sido empurrado para baixo por uma série fatores: um saldo positivo, embora decrescente, na conta corrente; e um saldo positivo na conta de capital, que inclui recordes de investimento direto e esses números extraordinários na Bolsa, onde três quartos dos lançamentos de ações são adquiridos por estrangeiros. O terceiro fator é uma taxa de juros que, embora tenha caído pela metade, ainda é relativamente alta em relação ao resto do mundo. Então são três variáveis empurrando o câmbio para baixo. O que dá uma certa tranqüilidade é que o câmbio é flutuante, então se por acaso as condições globais mudarem, se o saldo em conta corrente cair mais do que se espera, muito provavelmente o câmbio vai se depreciar. Não é um fator, a meu ver, de risco. O Banco Central, além disso, tem procurado suavizar esta valorização, acumulando quase US$ 170 bilhões em reservas, e é difícil prever até onde isso vai.
Quem é:
Armínio Fraga
É Ph.D. em Economia pela Universidade de Princeton, nos Estados Unidos.
Ocupou a presidência do Banco Central de março de 1999 a janeiro de 2003.
Além de sócio da administradora de fundos Gávea Investimentos, que fundou em 2003, é membro do Conselho de Administração do Unibanco desde janeiro de 2004.
Armínio Fraga: sócio da Gávea Investimentos
CENÁRIO: "É provável que a economia mundial desacelere um pouco. Mas a turbulência deve ser passageira"
CAIXA DOIS: "Havia medo de investir em empresas por causa de má gestão ou fraude, mas o País está evoluindo"
SALTO: "A estabilidade econômica e a mudança de cultura marcam a chegada definitiva do capitalismo no Brasil"
Fernando Dantas, RIO
Aos 50 anos, o investidor Armínio Fraga, ex-presidente do Banco Central (BC), acha que o Brasil está passando por uma "revolução capitalista". Há quatro anos e meio à frente da Gávea Investimentos, no Rio, que hoje conta com 100 pessoas e administra R$ 10 bilhões, ele vê a pujança do Novo Mercado e a abertura de capital da Bovespa como marcos desse novo momento. Para Armínio, o canal do mercado de capitais no Brasil está finalmente funcionando, dando aos negócios a possibilidade de buscar capital para as suas diversas etapas - desde o surgimento de boas idéias nas universidades até a abertura de capital na bolsa, passando pelos investimentos dos chamados fundos de "private equity", especializados em comprar participações em empresas.
Na Gávea, há dois fundos de private equity que se aproximam desse modelo, mas que ele prefere chamar de fundos de longo prazo. Eles têm um total de US$ 1,5 bilhões, basicamente de investidores institucionais estrangeiros, como universidades americanas. Ainda há pelo menos US$ 420 milhões a investir.
Esses fundos já compraram participações minoritárias em cerca de 15 empresas, como a T4F, de entretenimento; a Fazenda Ipanema, produtora de cafés sofisticados; a Multiterminais, maior operadora do porto do Rio; Aliansce, de shopping centers; a franquia do McDonald's na América Latina; e a BRA, empresa aérea que vem passando por um fase problemática (e onde a participação é bem pequena, segundo Armínio).
Na divisão de trabalho na Gávea, o ex-presidente do BC ainda dedica a maior parte do seu tempo aos fundos multi-mercados (ou "hedge funds"), que buscam altas rentabilidades em aplicações em ações, títulos, câmbio e derivativos. Ele também participa ativamente dos fundos de longo prazo, mas seu primo Luiz Fraga, sócio e co-fundador, é quem fica mais tempo dedicado a essa área. Amaury Bier, ex-membro da equipe econômica de FHC, que tocava a área de gestão de patrimônio da Gávea, acaba de assumir o posto de presidente da empresa. A seguir, a entrevista:
Por que vocês preferem comprar participações minoritárias nos seus fundos de longo prazo, e não o controle?
É uma estratégia diferente da de outros fundos, e que nos parece ser tão interessante quanto qualquer outra. É uma certa novidade aqui no Brasil, onde sempre houve muito medo de investir como minoritário, por causa do risco de má governança, de má gestão, em certos casos até de fraude e de desvio de dinheiro. Hoje, o País está avançando, está evoluindo, e está ficando mais claro que isso não é um jogo de soma zero. Então, nós temos feito investimentos que são minoritários mas que são protegidos em parte por acordos de acionistas e em parte também pelos incentivos que essa onda capitalista está criando aqui no Brasil.
Que "onda capitalista" é essa?
É a globalização chegando ao Brasil cada vez mais. Com a estabilidade, e a queda dos juros, o foco está saindo do curto prazo. E há essa mudança de cultura, que é exemplificada claramente pela criação do Novo Mercado na Bovespa que, aliás, acabou de abrir o seu próprio capital. São dois movimentos que, a meu ver, marcam a chegada definitiva do capitalismo no Brasil.
Por quê?
O Brasil era uma economia fechada, estatizada, muito concentrada, com grupos familiares dominando a maioria dos setores, ou concorrendo contra multinacionais. E havia pouco espaço para uma trajetória clássica onde um negócio surge, começa a crescer, a se desenvolver, e a partir de um determinado momento precisa de capital para crescer mais. Mas, no Brasil, nem sempre havia esse acesso ao capital. Agora começou a se ver uma certa cadeia alimentar financeira. Como há uma bolsa gerando oportunidades e fornecendo capital às empresas de um certo tamanho, ficam interessantes também os negócios chamados de private equity, ou fundos de capital privado, que investem em empresas ainda não preparadas para ir para a bolsa, mas que tem esse potencial.
E por que é tão interessante?
Porque quem investe em uma empresa, em uma participação privada, sabe que, se o negócio der certo, ela poderá ser listada na Bolsa, e com isso pode haver a realização (venda) a um preço. A existência dos fundos privados também estimula a criação de veículos de capital de risco, chamados de "venture capital". Isso pega, por exemplo, as empresas que saem de idéias desenvolvidas na academia, que precisam de um pouquinho de capital para dar certo. Numa segunda etapa, elas precisam de um pouco mais de capital, e vão aos fundos de capital privado. Numa terceira etapa, podem precisar de mais capital e vão para a bolsa. Essa pirâmide no Brasil estava entupida, e é por isso que não se tinha acesso a capital. Muitas empresas eram fadadas a não crescer. Agora, esse canal está aberto, e está funcionando magnificamente.
O que causou esta mudança?
É claro que depende de uma evolução ampla da nossa economia, depende de taxas de juros mais baixas, depende de mudança nos padrões de governança, tanto das empresas quanto dos investidores, depende de uma regulação melhor e mais moderna que vem se desenvolvendo no Brasil nos últimos anos, do fortalecimento da lei das S A, do fortalecimento da CVM, e assim por diante. Essas sementes foram todas plantadas e, de repente, quando o ar clareou e as coisas se acalmaram, isso deslanchou, num momento de grande crescimento da economia mundial, de grande integração financeira. E o Brasil entrou nessa revolução capitalista. Nesse ano, já foram realizadas operações de abertura de capital na Bolsa de aproximadamente R$ 45 bilhões. No ano passado, foram R$ 29 bilhões. É muito dinheiro. Então, a Bolsa não é mais vista como um cassino onde alguns mais espertos se aproveitam dos outros. Agora passou a ser um centro gerador e alocador de poupança, como deveria ser.
Quais as conseqüências disso para o País?
Vai gerar mais e melhores investimentos ao longo do tempo. O mercado, embora tenha os seus momentos de euforia, na média é bastante rigoroso e não aceita desaforo. Eu acho que vai ter um impacto qualitativo importante e que já está tendo um impacto quantitativo também, no volume de investimentos.
E o sr. acha que com isso a economia pode crescer mais?
Com certeza. É um indutor que ajuda. Mas não substitui educar melhor o nosso povo, não substitui continuar aprimorando o arcabouço regulatório, para ter mais investimento em infra-estrutura e assim por diante. O lado da oferta precisa de um pouco de atenção. Reforma tributária, reduzir o crescimento explosivo do gasto público, este tipo de decisão que alguém vai ter que tomar em algum momento. O Brasil poderia estar crescendo muito mais. Está crescendo hoje 4,5%, mais ou menos, num momento de grande crescimento global. O Brasil poderia crescer de 6% a 8% ao ano. Mas, para isto, é preciso que haja investimento para melhorar a qualidade da Educação, como, aliás, o atual ministro da Educação sinalizou. E é preciso investir mais em infra-estrutura, que não depende só do governo, que não tem muito dinheiro e em muitos casos sequer tem a competência para fazê-lo.
O Brasil está tocando esta agenda para fazer o crescimento sair de 4,5% para a faixa de 6% a 8%?
Não. Precisamos criar condições para que tenhamos taxas de juros mais baixas, e isso depende de um esforço importante na área fiscal, e no gasto público estamos caminhando na contramão. Os juros reais caíram bastante, mas taxas de 7% em termos reais ainda são taxas ainda muito altas. No México é 4,2%, no Chile é pouco mais de 3%.
Como o sr vê a volta da euforia aos mercados globais, depois do susto das turbulências nos mercados imobiliário e de crédito?
Minha visão de médio a longo prazo é positiva. O mundo está trabalhando mais, estudando mais, se integrando mais, sendo mais capitalista, e isso faz com que esse período que estamos vivendo, desde a queda do muro de Berlim, seja talvez um período com potencial equivalente ao do padrão ouro, de 1870 até a primeira guerra, que foi de extraordinária prosperidade. No prazo bem mais longo, eu vejo riscos ambientais, geopolíticos, de epidemias e coisas do gênero. A curtíssimo prazo, acho o mundo um pouquinho animado demais, ao mesmo tempo em que os sinais, principalmente dos mercados de crédito são preocupantes. Parece provável que a economia mundial desacelere um pouco. Existe algum risco de turbulência, mas é algo que a meu ver vai ser passageiro. Perigoso, sem dúvida, mas passageiro. As bolsas no mundo subiram bastante e não estão mais baratas. Em alguns casos, como a China, estão em bolha, e podem cair bastante.
O Fed (Federal Reserve, banco central americano) voltará a cortar os juros na sua próxima reunião?
Em geral, eu não me arrisco a fazer adivinhação de curtíssimo prazo. Mas espero que ainda haja alguma redução de juros nos Estados Unidos.
Como o sr. viu a interrupção da queda da Selic (que está em 11,25%) pelo Copom (Comitê de Política Monetária)?
Foi uma parada técnica. A demanda vinha crescendo num ritmo maior do que a oferta, em parte refletindo os problemas da oferta, como os gastos públicos. Mas o Banco Central reduziu os juros quase pela metade. Como os efeitos da política monetária não se fazem sentir da noite para o dia, é normal o BC de vez em quando dar uma pausa para ver o que está acontecendo.
E a valorização cada vez maior do real? Qual a sua opinião?
O câmbio tem sido empurrado para baixo por uma série fatores: um saldo positivo, embora decrescente, na conta corrente; e um saldo positivo na conta de capital, que inclui recordes de investimento direto e esses números extraordinários na Bolsa, onde três quartos dos lançamentos de ações são adquiridos por estrangeiros. O terceiro fator é uma taxa de juros que, embora tenha caído pela metade, ainda é relativamente alta em relação ao resto do mundo. Então são três variáveis empurrando o câmbio para baixo. O que dá uma certa tranqüilidade é que o câmbio é flutuante, então se por acaso as condições globais mudarem, se o saldo em conta corrente cair mais do que se espera, muito provavelmente o câmbio vai se depreciar. Não é um fator, a meu ver, de risco. O Banco Central, além disso, tem procurado suavizar esta valorização, acumulando quase US$ 170 bilhões em reservas, e é difícil prever até onde isso vai.
Quem é:
Armínio Fraga
É Ph.D. em Economia pela Universidade de Princeton, nos Estados Unidos.
Ocupou a presidência do Banco Central de março de 1999 a janeiro de 2003.
Além de sócio da administradora de fundos Gávea Investimentos, que fundou em 2003, é membro do Conselho de Administração do Unibanco desde janeiro de 2004.
domingo, octubre 28, 2007
Cesar Vallego : el poeta universal
No hay duda que la poesía de Vallejo es de lo mejor que se ha producido en América Latina. Peruano de nacimiento: es el poeta universal.
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