sábado, marzo 14, 2009
Brasil y sus exportaciones a través de HAITI
FERNANDO CANZIAN
DE NOVA YORK
No encontro bilateral entre Brasil e EUA, em Washington, as equipes comerciais dos dois países pretendem avançar em uma discussão que poderá possibilitar o acesso preferencial de algumas empresas do setor têxtil brasileiro ao mercado norte-americano.
A ideia é estimular indústrias têxteis do Brasil a investirem no Haiti e exportar de lá seus produtos aos EUA. O Brasil lidera a intervenção militar da ONU no país caribenho.
Nesta semana, um grupo de empresários brasileiros esteve em Washington negociando modificações no acesso preferencial que o Haiti já tem em relação aos EUA para exportações. A ideia é criar incentivos, viabilizando os investimentos.
Além dessa questão pontual, Brasil e EUA devem discutir mais detidamente os principais pontos de contenciosos comerciais entre os dois países: etanol, algodão, suco de laranja, aço e subsídios gerais concedidos à agricultura nos EUA, entre outros pontos.
De longe, a questão dos subsídios é a que mais incomoda o Brasil e é o que vem travando (juntamente com os subsídios europeus) uma definição positiva na atual rodada de negociações da OMC (Organização Mundial do Comércio).
De um lado estão EUA e europeus, que não abrem mão de subsídios e tarifas elevadas para proteger seus mercados agrícolas. De outro, os países em desenvolvimento, com Brasil, Índia e China à frente, pressionando pela abertura desse mercado para, em contrapartida, ampliarem o acesso dos países ricos aos seus mercados de produtos industriais e financeiros.
Na quinta, outra notícia negativa para o Brasil nessa área: o Comitê de Agricultura da Câmara dos Representantes dos EUA rejeitou projeto do governo Obama que previa corte nos subsídios a fazendeiros com faturamento anual superior a US$ 500 mil, que reduziria à metade os subsídios atuais.
O comitê argumenta que o pagamento dos subsídios só poderá ser mudado na próxima Farm Bill americana, em 2012.
Além da questão dos subsídios, há alguns dias o governo Obama enviou ao Congresso um pacote de estímulo econômico que prevê gastos de cerca de US$ 800 bilhões e que inclui a chamada cláusula "Buy American" (compre produtos americanos). No caso específico, ela determina que aço e ferro usados em obras públicas realizadas com dinheiro do pacote sejam produzidos nos EUA.
Comércio em queda
Os EUA são responsáveis por cerca de 15% das exportações brasileiras, mas volume e valores de comércio entre os países vêm caindo rapidamente desde o agravamento da crise.
"Não podemos falar em tendência de déficit comercial do Brasil com os EUA, mas há uma clara redução do comércio bilateral entre os dois países por conta da atual crise", afirma Aluisio Lima-Campos, consultor para questões comerciais e econômicas da Embaixada do Brasil em Washington.
A expectativa do FMI (Fundo Monetário Internacional) é que o comércio global encolha cerca de 3% neste ano, agravando o cenário de desaquecimento em vários países e dificultando uma recuperação mais rápida da economia mundial.
Um dos assuntos que têm condições de avançar de forma mais favorável ao Brasil é a questão do acesso do etanol brasileiro ao mercado norte-americano, já que grande parte do discurso de Obama para a questão energética passa pelas chamadas "fontes limpas".
Os EUA impõem hoje uma tarifa de US$ 0,14 por litro ao etanol importado. Os EUA consomem cerca de 550 bilhões de litros de gasolina ao ano, e 10% desse mercado equivale a quase três vezes a produção brasileira total de etanol.
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