jueves, abril 10, 2008
La Inflación...grave problema...
Depois de anos adormecido, fantasma da inflação reaparece
April 10, 2008 4:33 a.m.
Por Andrew Batson
The Wall Street Journal
A inflação está de volta.
Depois de vários anos de calmaria, uma onda de alta dos preços está varrendo a economia mundial.
Ela surge numa hora das mais inconvenientes. O Federal Reserve, banco central americano, está cortando bastante os juros dos Estados Unidos — o oposto da resposta normal a uma inflação ascendente — para impedir que a crise imobiliária e de crédito provoque uma recessão profunda e prolongada. E isso complica a resposta mundial à inflação.
Os preços ao consumidor nos EUA, Europa e outros mercados ricos devem subir 2,6% este ano, o nível mais alto de inflação desde 1995, afirmou ontem o Fundo Monetário Internacional. Nos EUA, a inflação de 12 meses até fevereiro foi de 4%. Nos 15 países que usam o euro, a taxa ficou em 3,5%, um recorde em dez anos. A meta do Banco Central Europeu é de 2%. Mesmo o Japão, que durante muito tempo teve preços estáveis ou em queda, enfrenta agora uma modesta inflação.
A inflação subiu basicamente por causa da alta de preços de alimentos, combustíveis e outras matérias-primas. Esses custos maiores atingiram com particular força os países em desenvolvimento — onde os consumidores gastam uma fatia maior de sua renda nessas necessidades. O preço do arroz, um bem de consumo básico para bilhões de asiáticos, subiu 147% nos últimos 12 meses. Ontem, o Banco Mundial estimou que os preços mundiais dos alimentos subiram 83% nos últimos três anos, o que ameaça reverter muitos ganhos recentes em redução de pobreza.
O FMI projeta que a inflação dos países emergentes e em desenvolvimento vai ser de 7,4%, a maior desde 2001. Na China, os preços ao consumidor acumularam alta de 8,7% nos 12 meses até fevereiro, o maior avanço em mais de dez anos. No Vietnã, os preços estão em alta de 19,4% ante o ano passado, o que provocou uma greve de 21.000 trabalhadores da indústria calçadista, que reivindicam salários maiores. Na Venezuela, a inflação foi de 25,4% nos 12 meses até fevereiro. Na Ucrânia, de 21,9%.
Alguns dos fatores por trás da inflação variam de país para país: aumentos salariais negociados por sindicatos na Alemanha, escassez de porco na China, problemas na malha elétrica na África do Sul, reajustes para os servidores públicos da Índia.
Mas o fato de que a inflação esteja subindo em quase todos os lugares sugere que algumas das causas são mundiais. Os preços de alimentos subiram porque há mais produtos agrícolas sendo vendidos para a produção de combustíveis. A maior demanda por recursos naturais em economias em desenvolvimento como Índia e China elevou os preços de matérias-primas em todo o mundo. Problemas de oferta fizeram o petróleo disparar — ontem eles atingiram um novo recorde, superando os US$ 112 por barril em Nova York —, contribuindo para custos mais altos de combustíveis e transporte.
A queda do dólar é outra fonte. Ela não apenas aumenta os preços dos importados para os americanos, como também transmite inflação às dezenas de economias que atrelam suas moedas ao dólar americano, da Arábia Saudita a Hong Kong e Mongólia. Por causa do atrelamento da moeda, essas economias são forçadas a acompanhar os cortes de juros do Fed, mesmo que elas não enfrentem a recessão. Isso aumenta a pressão para alta dos preços. Além disso, os anos anteriores de crédito fácil nesta década — conseqüência de uma busca global por meios de evitar preços em queda, ou deflação — também contribuem.
A globalização levou parte do crédito pela baixa inflação dos últimos anos: à medida que a China, a Índia e a ex-União Soviética integravam-se à economia mundial, a força de trabalho global expandiu-se e a capacidade industrial aumentou, mantendo baixos os preços de muitos produtos. Mas agora a globalização leva a culpa pelos preços em alta porque a demanda das economias em desenvolvimento faz as commodities subir. "No geral, os efeitos da globalização deixaram — provavelmente no longo prazo — de ser espontaneamente desinflacionários", disse no mês passado Christian Noyer, presidente do Banco da França.
A alta dos preços reduz o poder de consumo, especialmente entre os pobres. Também pode provocar más lembranças dos problemas causados por períodos inflacionários anteriores. O medo da inflação, por sua vez, pode alimentá-la: se as famílias e empresas começam a achar que a alta dos preços é normal, podem criar expectativas que mantêm a inflação alta. A inflação esconde os sinais que permitem às economias funcionar e dificulta o planejamento das empresas.
"É difícil reverter as expectativas de inflação uma vez elas tendo subido", diz Kenneth Rogoff, um professor da Universidade Harvard, dos EUA, e ex-economista-chefe do FMI.
A maior produtora de minério de ferro do mundo, a Companhia Vale do Rio Doce, conseguiu fazer com que seus clientes concordassem com um aumento este ano de 65% no preço do minério de sua principal mina. No ano passado, o aumento obtido havia sido de 9,5%. Isso levou siderúrgicas como a Baosteel Group Corp., a maior da China, a elevar os preços de seus produtos em 17% a 20% nos últimos meses.
"Isso terá um efeito bem grande em nossos custos de materiais", disse Jim Owens, diretor-presidente da fabricante americana de equipamentos de construção e motores Caterpillar Inc., numa recente visita a Pequim. A Caterpillar prepara-se para elevar os preços de seus produtos em até 5% em julho.
Em St. Louis, nos EUA, a Solutia Inc. está aumentando os preços de resinas usadas para a produção de vidro laminado em até 40%. "Estamos agora num ponto em que obter matérias-primas a preços sempre mais altos não faz mais sentido para nosso negócio a não ser que os efeitos sejam repassados", diz o vice-presidente Luc De Temmerman.
Nos EUA, a Kimberly-Clark Corp. começou em fevereiro a elevar entre 4% e 7% os preços de alguns produtos de papel, como as fraldas Huggies, o papel higiênico Cottonelle e as toalhas de papel Viva. A Hershey Foods Corp. reajustou suas barras de chocolate em 13% em fevereiro.
Mesmo que os preços das commodities permaneçam no nível em que estão, a inflação mundial pode continuar a subir durante meses, na medida em que as empresas reajam a altas anteriores. Agricultores e mineradoras não têm conseguido expandir a produção para acompanhar os constantes aumentos de demanda motivados por booms de construção e ganhos de renda nos países em desenvolvimento.
Assim como há variação no nível da inflação — de 1% no Japão a 17% na Letônia —, a resposta dos países varia. Os bancos centrais dos EUA e do Reino Unido estão concentrados nos riscos de recessão e cortando os juros. Mas em alguns outros lugares o medo de inflação domina: os bancos centrais de Austrália, Chile, China, Colômbia, Hungria, Polônia, Rússia, África do Sul, Suécia e Taiwan aumentaram as taxas recentemente.
Ter de escolher entre manter o crescimento e combater a inflação é uma tarefa particularmente difícil na Europa, onde os bancos também estão sob pressão e a inflação está ganhando força. O Banco Central Europeu considera a inflação um problema maior do que os efeitos da crise de crédito americana e se recusou a cortar os juros, apesar de persistentes tensões no mercado financeiro. O BCE teme que a alta dos alimentos e combustíveis espirre para salários e outros preços.
Os recentes ganhos salariais na Alemanha são um exemplo. Na semana passada, cerca de 2 milhões de servidores públicos do país conseguiram um aumento de quase 8% em dois anos, o maior reajuste em 16 anos. Em março, cerca de 93.000 siderúrgicos alemães conseguiram um reajuste de 5,2%, enquanto maquinistas de trem obtiveram um aumento de 8% até 2009. No sábado, numa conferência na Eslovênia, cerca de 10.000 manifestantes de todo o continente se reuniram para protestar por melhores salários. Eles tiveram uma fria resposta.
"Seria um enorme erro imitar a Alemanha", disse o presidente do BCE, Jean-Claude Trichet, numa coletiva de imprensa logo depois. Ele deve repetir a advertência de uma potencial espiral inflacionária nos salários hoje, quando o BCE deve mais uma vez resistir às pressões para que corte os juros.
Nos EUA, diretores do Fed estão receiosos de que os preços de alimentos e energia aumentem a inflação ao mesmo tempo em que o país mergulha em recessão, mas estão de maneira geral confiantes de que a inflação recuará à medida que o maior desemprego impeça os trabalhadores de conseguir aumentos salariais.
Lidar com as pressões sociais da inflação é tarefa delicada. A China aumentou o salário mínimo para amenizar o impacto da inflação no padrão de vida, mas o primeiro-ministro Wen Jiabao também prometeu que o governo vai se assegurar de que a alta média dos preços não supere este anos os 4,8% de 2007.
Isso tem o objetivo de reconfortar gente como Monica Li, uma agente de viagem de Pequim. Li, de 40 anos, diz que o jardim de infância de sua filha acaba de aumentar a mensalidade para cobrir custos mais altos de lanche. Agora ela teme que os custos de assistência médica e habitação também subam. "Pode ser realmente um problema para nós se a inflação de hoje, que é basicamente de alimentos e outras necessidades, causar uma série de reações em cadeia", afirma.
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